Em 1997, um grupo de cientistas escoceses, liderados por Ian Wilmut (embriologista e chefe de pesquisas na Scottish Centre for Regenerative Medicine) afirmou ter clonado uma ovelha adulta. Mas como é que isto aconteceu?
Este grupo de investigadores transplantou uma célula das glândulas mamárias de uma ovelha para o óvulo de uma outra ovelha. Após ter cultivado estas células num meio de cultura adequado, este grupo parou o ciclo celular em G0, uma fase da interfase que ocorre somente quando uma célula de divisão lenta ou que não irá sofrer mais alterações permanece durante longos períodos de tempo até uma nova divisão celular ou até à sua morte. De seguida, as células foram fundidas com óvulos de ovelha, aos quais tiveram o seu núcleo removido. As células resultantes desenvolveram embriões que foram implantados noutra ovelha. Apenas um, dos 277 embriões produzidos, completou o seu desenvolvimento. Desta maneira, o primeiro clone de mamífero manipulado pelo Homem foi criado, a ovelha Dolly.
O processo que conduziu à produção da ovelha Dolly exigiu uma reprogramação do núcleo de uma célula diferenciada (células que possuem funções próprias), tornando-a totipotente (células que podem criar outras células). Até à idade adulta, a Dolly desenvolveu-se normalmente, contudo, começou a apresentar sinais de envelhecimento precoce e doenças degenerativas que a levaram à morte. Após o nascimento da ovelha clonada, foram realizadas e anunciadas diversas experiências de clonagens bem sucedidas. As que foram feitas em mamíferos comprovaram que o envelhecimento prematuro não ocorria se o núcleo transplantado fosse de uma célula de embrião, dando a esta o tempo necessário para se desenvolver. No entanto, estas técnicas de clonagem possuem uma baixa taxa de sucesso, visto que os abortos espontâneos, malformações ou mortes após o nascimento são frequentes.
As técnicas de clonagem continuam a ser desenvolvidas, apresentando um bom potencial de aplicação, nomeadamente em cenários como a medicina ou agricultura. Na verdade, os cientistas possuem grandes esperanças relativamente à possibilidade do uso destas técnicas para tratar doenças. Porém, a sua aplicação, particularmente nos seres humanos, levanta sérios problemas éticos.
Na década de 50, houve uma tentativa de clonagem de um embrião de rã. Robert Briggs e Thomas King removeram o núcleo de um ovo de rã e transplantaram para ele, um núcleo de uma célula intestinal de outro embrião de rã. Estes dois investigadores puderam provar também que, se os núcleos proviessem de células de embriões muito jovens, o desenvolvimento de um novo embrião era possível, ainda que fosse difícil de passar pelo estado larvar. No entanto, quando usavam núcleos de células com uma certa diferenciação (as intestinais), apenas cerca de 2% dessas células desenvolveria um embrião novo. Assim, verificaram que a capacidade de o núcleo transplantado suportar um desenvolvimento normal estava directamente relacionado com a idade do dador.
Actualmente, os biólogos defendem que alterações na cromatina são, por vezes, reversíveis e que, mesmo as células mais diferenciadas contêm todos os genes necessários para formar um organismo adulto bem formado.
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